domingo, 10 de fevereiro de 2013

Impressões sobre a reunião de quarta-feira e os debates recentes do FACA

Por Rafael Saad Fernandez 
 
Na reunião da última quarta, boa parte dos esforços para encaminhar pontos importantes da nossa luta foram desviados para manifestações de ódio contra a administração pública e seus gestores. Eu entendo que as pessoas estejam com muita raiva em decorrência do descaso com que a cultura foi tratada nos últimos anos e em especial desde a reestruturação que criou a Secretaria de Cultura, no entanto, estou certo de que a luta não é essa.
Se no passado aconteceu muita conversa fiada e promessas vazias, eu não quero saber – quero saber do que vai acontecer daqui pra frente. Se as pessoas foram maltratadas, se houve descaso, se ocorreram erros, devemos aprender com tudo isso e pronto, a vida segue em frente, não adianta ficar chorando as mágoas do passado.
Muito se falou nessa reunião sobre os editais, o fundo municipal de cultura e o conselho municipal de cultura. Quando foram abertos esses editais, amparados por um conselho municipal que era criticado por não possuir representatividade da classe artística, todo mundo achou legal: o dinheirinho caiu no bolso de vários artistas e todo mundo curtiu. Agora que a secretaria preferiu refazer a lei que determina a composição do conselho e optou por não elegê-lo enquanto isso não ocorresse, as pessoas acham ruim e reclamam. Pior ainda é ter que ouvir nessa reunião que alguns artistas não vão querer compor o conselho porque isso irá impedi-los de receber recursos de editais. Porra! A questão da luta pela cultura no município é simplesmente porque os artistas da cidade querem dinheiro pra poder realizar os seus espetáculos ou há algo mais profundo nisso tudo?
Eu quero construir um movimento que se preocupe em primeiro lugar com as pessoas da cidade, que se preocupe em oferecer arte e cultura para a população. Eu acredito que para isso é necessário valorizar os artistas da cidade e fazê-los caminhar com suas próprias pernas – basear a política cultura em editais que simplesmente colocam dinheiro no bolso dos artistas é instituir uma lógica de mecenato, não uma política cultural que vise o desenvolvimento do município. Os editais, na minha visão, são um instrumento para artistas em início de carreira, não para pessoas que já estão estruturadas. Para estes grupos deveria haver políticas de crédito que financiassem os espetáculos e não oferta de dinheiro a fundo perdido.
Tendo isso dito, está muito claro pra mim que a nossa luta deveria se concentrar em conseguir a aprovação da lei instituindo o sistema municipal de cultura e eleger um bom conselho municipal de cultura. Com isso feito, os recursos do fundo municipal de cultura (que é de onde sai o dinheiro para os editais e que pode também ser usado para financiamento, para fomento, para contratar espetáculos, bancar oficinas etc.) vão ficar disponíveis e passarão pelo crivo do conselho (composto por no mínimo 50% de representantes da sociedade civil)... Se já houve outras histórias antes, se esse filme já passou etc., eu não sei, só sei que no contexto atual, com a recente adesão do município ao sistema nacional de cultura, a melhor alternativa é começar uma luta para que esse processo seja o mais breve possível. Bater o pé, xingar, chorar as pitangas do passado não vai ajudar em nada. O que vai resolver é uma mobilização conjunta, seja na forma de manifestos, intervenções urbanas, performances, debates públicos, aparições na câmara municipal etc, para que estas leis sejam aprovadas e que sejam adequadamente cumpridas.
Além disso, é importantíssimo nos armarmos com informação. Fazer críticas sem informações completas só nos enfraquece. É importante levantar o máximo possível de dados sobre a situação das políticas culturais em todas as esferas e ter ciência dos esforços que estão sendo empreendidos (ou não) pela Secretaria de Cultura para que sejam resolvidos os problemas. Agir de forma contrária a tudo isso, gritando e batendo o pé como moleques, não vai ajudar.
Sou favorável à desobediência civil (que parece ter virado o mote da última reunião...). Mas acredito que ela deva ser um instrumento para que se consiga que a prefeitura cumpra o seu dever, para que nossos direitos sejam garantidos. Fazer birra é uma coisa, desobediência civil é outra completamente diferente...
Pra quem queria ver a discussão pegar fogo aqui, lá vai um molotov.
 
O Blogue :Esta postagem é interessante pois retrata o desconfortos de alguns e conforto de outros, coisa que nunca antes feita. Ficávamos traçando diretrizes, mas não nos perguntamos se as anteriores foram cumpridas ou, se quer re-olhadas. Dia 23 de janeiro foi a primeira reunião do ano, e com isso muitas idéias, muitas perguntas, pois ficar se reunindo para que? A unica resposta para isso seria entender e resolver os problemas e não só ficar expondo problemas ou casos sem uma solução.
O pessoal do CONSORTE já tem anos vividos, esclareceu e deu alguns fatos importantes que, se era sabido por algum membro, nunca foi abordado como prioridade... a burocracia tem que ser amenizada. Sabemos que tudo passa por um processo burocrático(e que burocracia!) mas certas perguntas nunca foram respondidas pela Secretaria da Cultura. Dai se pergunta: por este motivo eu perguntava, perguntava e nada de resposta? Creio que sim!
Estes dois não tem juízo , rsrs
 
Entrar as Secretarias, formar o conselho, conseguir verbas... isso meus leitores irá findar e dar inicio a alguma coisa, se conseguirem tudo, o ano que vem, em 2014... Enquanto isso, pedem para nós esperarmos... você acha justo?
O Desabafo de Rafael tornou desabafo de outros, que como disse, alguns contra, outros a favor. Com quantos paus faz-se uma canoa?
Se você é artista de São Bernardo do Campo, interaja e se manifeste... mesmo não sendo de São Bernardo, aconselhe, pois nossa meta é atender todo o ABCDRMS paulistano
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Todos pela cultura... vamos lá pessoal! 

 

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